domingo, 1 de dezembro de 2013

As 45 cidades mais brilhantes do planeta: conheça o trabalho de Christina Seely

Depois das "Cidades Escurecidas" de Thierry Cohen, mais uma fotógrafa divulga uma série de imagens que chama a atenção para as questões relacionadas à poluição luminosa.

Observando a imagem da Terra à noite, disponibilizada pela NASA e mostrada abaixo, Christina Seely, fotógrafa e educadora de São Francisco (EUA), selecionou 45 cidades nas  regiões mais brilhantes do globo. Normalmente associadas ao progresso e melhor qualidade de vida, as regiões mais iluminadas registram, antes de mais nada, o imenso desperdício de recursos econômicos e naturais com a iluminação mal planejada, que direciona a luz inutilmente para o céu.

A Terra observada à noite em outubro de 2012 (NASA Earth Observatory/NOAA NGDC). Com base nessa imagem, Seely selecionou as 45 cidades nas áreas mais iluminadas para compor a sua série Lux, que registra o brilho do céu naquelas regiões.

Durante cinco anos, a fotógrafa visitou os locais selecionados e registrou o brilho do céu, também chamado de sky glow, um dos tipos de poluição luminosa. A série de imagens resultante constitui o trabalho intitulado de Lux. Sempre que possível, Christina procurava locais mais afastados de onde pudesse observar as cidades e registrar o contraste entre a natureza e a iluminação artificial. Ambas são belas, porém incompatíveis, uma vez que a poluição luminosa provoca impactos negativos no meio ambiente e no ciclo de vida de diversas espécies animais. Veja abaixo alguns resultados desse belo trabalho.



Algumas imagens da série Lux, de Christina Seely, mostrando o contraste entre o brilho do céu gerado pela iluminação excessiva e a natureza. Em cima: Madrid (Espanha); no meio: Amsterdã (Holanda); abaixo: Tóquio (Japão).


E no Brasil?

Embora o trabalho de Seely seja uma expressão artística que promove a discussão sobre a poluição luminosa, o fato é que o monitoramento fotográfico de áreas urbanas próximas de regiões de especial interesse (como reservas naturais e observatórios astronômicos) constitui uma importante ferramenta de controle dos excessos e da qualidade da iluminação artificial.

Para exemplificar, as imagens abaixo, obtidas entre 2012 e 2013, mostram as cidades de Itajubá e Brazópolis, vistas do Observatório do Pico dos Dias.


Itajubá vista do Observatório do Pico dos Dias. Imagem obtida em 15 de maio de 2013, por T. Dominici (Canon Rebel T3i, f3.5, 20 segundos de exposição, ISO 1600). 


Brazópolis observada do OPD em imagens obtidas com 10 meses de intervalo, aproximadamente no mesmo horário (por volta das 19:30 h). À esquerda: observação em 16/08/2012; à direita: observação em 03/06/2013. Podemos verificar, do lado esquerdo da cidade na imagem mais recente, uma área de expansão urbana, utilizando lâmpadas alaranjadas e menos poluentes, de vapor de sódio de alta pressão. Na imagem de 2012, a  polêmica iluminação do campo de futebol está ligada. Imagens de T. Dominici, ambas obtidas com Canon Rebel T3i, f5.6, 5 segundos de exposição, ISO 800.


Não deixe de visitar a página de Christina Seely. O livro com as imagens pode ser adquirido aqui. As fotografias em grande formato estão, neste momento, expostas em Massachusetts (EUA).




Update em 12/03/2016: Se você quer saber mais sobre a "cidade mais iluminada do mundo", não deixe de ver o post sobre Hong Kong!

Aproveite para ver as incríveis imagens do Planeta durante a noite, nesta galeria organizada pelo jornal britânico Telegraph.


América do Sul durante a noite. Note a poluição luminosa concentrada na região sudeste do Brasil e veja a galeria completa aqui (Fonte: Telegraph/NASA).


sábado, 16 de novembro de 2013

Na adversidade, uma oportunidade...

Seguindo uma resolução de Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), até o final de janeiro de 2014 a responsabilidade sobre a iluminação pública passará a ser dos municípios, e não mais das distribuidoras de energia elétrica. As cidades com menos de 50 mil habitantes terão até o final de 2014 para se adaptar (prazo que poderia vir a ser estendido até 2016).

O assunto tem causado apreensão nas prefeituras, principalmente pela falta de qualificação e estrutura técnica para cuidar dos postes, luminárias, lâmpadas e de sua manutenção. Além disso, é claro, preocupam os possíveis impactos econômicos negativos associados a essa mudança.

Passado o período de transição, as prefeituras deveriam aproveitar esta responsabilidade adicional como uma oportunidade para racionalizar a iluminação das cidades, minimizando os impactos ambientais, econômicos e na saúde humana causados pela poluição luminosa. Os municípios certamente têm mais condições de atender às especificidades locais, como a necessidade de proteger reservas naturais, observatórios astronômicos, de levar iluminação para zonas rurais e fomentar o turismo científico e ambiental.

Apesar de um possível impacto econômico negativo em primeiro momento, a longo prazo, se as cidades optarem por luminárias e lâmpadas eficientes e corretamente instaladas, os gastos tendem a diminuir, uma vez que a iluminação racional economiza energia elétrica e implica em menores gastos com manutenção. Ainda que a tendência de terceirização do serviço de iluminação se concretize, os municípios podem exigir nos processos de licitação que as empresas concorrentes sejam comprometidas com a implantação de pontos de iluminação racionais e não poluentes.


As imagens acima mostram a cidade de Monte Pátria, no norte do Chile, antes (esquerda) e depois (direita) de racionalizar a sua iluminação externa. Note que o resultado é a menor quantidade de luz direcionada para cima e uma visão mais clara das ruas da cidade. A redução do consumo de energia com a reestruturação foi de cerca de 60%, resultando em uma economia em torno de 150 mil dólares ao ano. Imagens obtidas em: http://spie.org/x42167.xml.

Hoje, estima-se que cerca de 30% do que pagamos pela a iluminação externa esteja sendo desperdiçado através da poluição luminosa, iluminando inutilmente o céu. Assim, da situação aparentemente adversa que os municípios enfrentarão a partir de 2014, pode surgir uma importante oportunidade para criar cidades mais sustentáveis e com melhor qualidade de vida para os seus cidadãos.


As prefeituras terão agora a oportunidade de planejar a iluminação de acordo com as especificidades locais e, quem sabe, podem ajudar a população a retomar o contato com as belezas do céu noturno (Crédito da imagem obtida no Observatório do Pico dos Dias: Tânia Dominici).



Update em 03/11/2014: Reportagem do Jornal Nacional diz que municípios têm até 31 de dezembro de 2014 para assumir a iluminação pública e a Aneel afirma que não mais prorrogará o prazo.

domingo, 4 de agosto de 2013

Uma tocante animação sobre poluição luminosa

O que aconteceria se as luzes da cidade desaparecessem misteriosamente e, em uma certa noite, as pessoas pudessem ver o céu estrelado como ele realmente é? A animação abaixo, com um poético desenvolvimento do tema, foi produzida por Olivia Huynh e disponibilizada em sua conta no Vimeo




Via @darkskyscott e seu blog sobre astronomia e poluição luminosa,  Visible Suns.

quinta-feira, 23 de maio de 2013

As tartarugas marinhas e a poluição luminosa: aproveite o Dia Internacional das Tartarugas para entender o problema

Circula pela internet que hoje, dia 23 de maio, comemora-se o Dia Internacional das Tartarugas (World Turtle Day), promovido pela organização não governamental americana ATR. É uma ótima oportunidade para discutir ações de preservação do meio ambiente que garantam a sobrevivência desses animais.

Para as tartarugas marinhas, em particular, um dos maiores obstáculos é a poluição luminosa, causada pela utilização irracional da iluminação artificial. Esses animais dependem de um ambiente escuro para se locomoverem. O problema começa com as fontes de luz alterando o comportamento das fêmeas na seleção dos pontos de desova na praia e dificultando o retorno  delas para o mar.

Quando os filhotes nascem, naturalmente buscam se mover no sentido contrário dos ambientes escuros e vão em direção ao oceano, sutilmente iluminado pelas estrelas e a Lua em condições ambientais ideiais. Com a presença de luzes artificiais na praia, as tartaruguinhas não conseguem diferenciar os ambientes, resultando em desorientação. Se elas demoram a alcançar o mar, ficam expostas a predadores e podem morrer desidratadas. Também existem relatos desses animais sendo atropelados  ao tentar atravessar avenidas próximas às praias, ou invadindo residências e restaurantes ao serem atraídas pela iluminação artificial.



As tartarugas marinhas, recém nascidas, são atraídas pelas luzes artificiais ao invés de se deslocarem na direção do mar. A poluição luminosa é uma grande ameaça à sobrevivência desses animais (imagem: NIH).


No Brasil, o projeto Tamar tem trabalhado pela aprovação de leis que regulamentem a iluminação artificial nas áreas de desova, com sucesso. A instituição também oferece orientações de como iluminar corretamente. Veja um exemplo na imagem abaixo e clique aqui para baixar a cartilha completa. Note que, ainda que direcionadas à questão das tartarugas marinhas, essas recomendações são válidas para combater a poluição luminosa em qualquer local, no sentido de evitar o desperdício de energia elétrica, iluminando desnecessariamente o céu e impedindo a observação das estrelas...


Parte do material disponibilizado pelo projeto Tamar, com orientações para a iluminação em áreas de desova das tartarugas marinhas. Faça o download da apostila completa.

O vídeo abaixo também ajuda a entender a questão. Lembre-se que no YouTube é possível incluir legendas e traduzi-las para o português.




Veja aqui informações adicionais sobre os impactos ambientais da poluição luminosa.


Imagem obtida em https://www.facebook.com/SeaTurtleOP

Via @IDADarkSky.



segunda-feira, 13 de maio de 2013

O seu telefone celular pode ajudar a estimar a poluição luminosa!

Foram lançados dois aplicativos para smartphones direcionados à avaliação da poluição luminosa: o Dark Sky Meter, para iPhone, e o Loss of the Night, para quem possui aparelhos com sistema operacional Android.

Embora sejam bastante diferentes, o objetivo dos dois aplicativos é o mesmo: oferecer uma ferramenta para que qualquer cidadão possa contribuir para estimar a poluição luminosa em todo o planeta. Os aplicativos estão em inglês, mas são de fácil utilização. Descrevemos abaixo cada uma das opções. 

Dark Sky Meter

É oferecido em duas versões: o Lite, gratuito, e o Pro, que custa 3,99 dólares na Apple Store. O aplicativo foi desenvolvido para os iPhones 4, 4S e 5.

Ele funciona como o Sky Quality Meter, aparelho para medir o brilho de fundo do céu produzido pela Unihedron e que já descrevemos aqui. Para fazer a medida são necessários dois passos: no primeiro, o usuário tampa a câmera do iPhone para fazer uma calibração. Na sequência, ele aponta a câmera para o céu, no ponto acima de sua cabeça (zênite), e realiza a medida.

O Dark Sky Meter estima o brilho de fundo do céu de modo semelhante ao SQM-L, que descrevemos anteriormente. 

Na versão Lite, o aplicativo diz quantas vezes o céu daquele local é mais brilhante do que deveria ser, enquanto que, na versão Pro, o resultado também é dado em magnitudes por segundos de arco ao quadrado (tal como o SQM-L). Em ambos os casos, o usuário pode informar a cobertura de nuvens durante a medida e enviar os seus resultados para os servidores do projeto. Assim, as informações são disponibilizadas para pesquisas científicas e seus dados são incluídos em um mapa, que pode ser consultado dentro do próprio aplicativo, na versão Pro.


Todas as medidas de brilho do fundo do céu enviadas através do Dark Sky Meter Pro são disponibilizadas em tempo real em um mapa, dentro do próprio aplicativo. Essas medidas refletem a incidência da poluição luminosa em diferentes partes do planeta. Imagem obtida da página do projeto.

Atualização em 03/06/2013: agora as medidas obtidas com o Dark Sky Meter podem ser visualizadas, em tempo real e mesmo por quem não tem o aplicativo, através desta página.



Os resultados de todas as medidas feitas com o Dark Sky Meter agora podem ser consultados na página do projeto: http://www.darkskymeter.com/map/, mesmo por quem não tem acesso ao aplicativo.



Loss of the Night

O "Loss of the Night" é um grupo de pesquisas interdisciplinares sobre poluição luminosa, com sede na Alemanha, e o aplicativo para celulares com Android é um dos projetos associados. Ele trabalha com a mesma ideia do projeto Globe at Night, orientando o  usuário a contar estrelas em certas regiões do céu. Os resultados são enviados para uma central, sendo posteriormente utilizados nas pesquisas científicas e em trabalhos de conscientização pelo uso racional da iluminação artificial.

"Faça parte de um projeto científico mundial que mede a poluição luminosa". O Loss of the Night é um aplicativo para smartphones que rodam Android.

Baseado na sua localização geográfica, o aplicativo indica regiões do céu a serem observadas. Durante a noite, basta apontar a câmera para cima e um círculo vermelho com uma flecha surgirá na tela (veja a figura abaixo). Movimente o aparelho na direção da flecha. Quando chegar à área correta, o círculo se tornará amarelo e o aplicativo perguntará se o usuário consegue enxergar a estrela naquele local. O processo se repetirá sete vezes e, ao final, os resultados são enviados via internet. O usuário também pode informar sobre a cobertura de nuvens no momento das observações.



 O Loss of the Night mostra um círculo vermelho com uma flecha para orientar o usuário a encontrar a região do céu a ser observada. Quando ela é encontrada, o círculo se torna amarelo e o aplicativo questiona se é possível ver uma estrela naquela região do céu. A sequência deve ser repetida sete vezes antes do envio dos resultados. Imagens obtidas do Google Play.


No vídeo abaixo, o Dr. Cristopher Kyba, um dos pesquisadores envolvidos, fala sobre ciência cidadã e descreve as motivações para o desenvolvimento desse aplicativo. Está em inglês, mas lembre-se que durante a exibição no YouTube é possível incluir legendas e traduzi-las para português.





Caso tenha algum desses aparelhos, não deixe de instalar os aplicativos e ajudar a estimar os impactos da poluição luminosa! Ainda não sabe o que é esse tipo de poluição e as suas consequências para a nossa vida? Descubra fazendo o download da apostila e visitando a nossa página sobre o assunto.


No twitter, siga @DarkSkyMeter@VerlustderNacht.


Agradecimentos especiais à colaboradora involuntária, Paulínea, que cedeu seu smartphone com Android para testes do aplicativo seguindo altos padrões de metodologia científica...
terça-feira, 30 de abril de 2013

Última oportunidade de participar da campanha Globe at Night 2013 (29 de abril a 8 de maio)!

A última etapa da campanha Globe at Night 2013 está em andamento até o dia 8 de maio. Como explicamos aqui, o objetivo é engajar a população mundial na pesquisa para avaliar a poluição luminosa em diferentes partes do planeta.

Aproveite as belas noites de outono para fazer a sua contribuição! Durante os próximos dias, a constelação a ser identificada no Hemisfério Sul é o Cruzeiro do Sul.

Constelação do Cruzeiro do Sul (centro da imagem), fotografada no Observatório do Pico dos Dias (T. Dominici). A nuvem escura, de absorção, é popularmente conhecida como 'saco de carvão' e pode ser vista a olho nu de locais distantes da iluminação artificial.


O Globe at Night tem um aplicativo online de fácil utilização para o registro de suas observações. Está em inglês, mas é muito simples de entender. Descrevemos abaixo cada passo.

Passo 1: Insira o local e a data das suas observações


Passo 2: Informe onde foram feitas as suas observações. Ao entrar na página, o aplicativo pedirá a sua permissão para identificar a localização (baseado nos dados de sua conexão). Se for a mesma da observação, permita e confirme. Caso contrário, localize-a no mapa.

Ainda no Passo 2: Se puder, descreva no quadro o local das observações. Por exemplo, se foi em uma cidade grande ou área rural.


Passo 3: Clique nos quadrinhos até encontrar um mapa que represente a sua observação. Por exemplo, se você só consegue ver quatro estrelas do Cruzeiro, deve selecionar a imagem  que indica '< 3.5 mag'.


Passo 4: Informe a cobertura de nuvens. O céu estava completamente limpo? Nublado? Clique no quadro que melhor represente a condição de observação. Na janela abaixo, coloque informações complementares, se considerar necessário.


Passo 5: Se você for um entusiasta dos céus escuros, pode eventualmente ter um equipamento como este que mostramos aqui, o SQM. Nesta parte do formulário é possível informar as suas medidas. Se não tem o equipamento, ignore e vá para o passo 6...


Passo 6: Com o relatório preenchido, clique em 'Submit Data' e envie as suas informações. Está feito! Você ajudou a avaliar os impactos da iluminação artificial no planeta...



Situação atual da participação brasileira no projeto de ciência cidadã Globe at Night, campanha de 2013. A nossa última chance de colaborar para as medidas deste ano termina em 8 de maio. O mapa completo das contribuições pode ser visto aqui.


No twitter, acompanhe @GLOBEatNight e use a hashtag #GaN2013.


quinta-feira, 18 de abril de 2013

Calgary, no Canadá, aprova nova regulamentação contra a poluição luminosa

Na segunda, dia 08/04, a cidade de Calgary, no Canadá, aprovou por unanimidade uma nova regulamentação para iluminação externa, visando o controle da poluição luminosa.

A medida é um reconhecimento ao fato de que a má iluminação representa um gasto desnecessário de recursos financeiros e está afetando as atividades do Observatório Astronômico de Universidade de Calgary.

A nova regulamentação implica em requerimentos mais exigentes para novos pontos de iluminação e na obrigatoriedade de planos de iluminação detalhados em solicitações de licenças para novas obras. Antigos pontos de iluminação não precisam ser modificados imediatamente e devem ir se adequando conforme forem sendo substituídos, ao fim de sua vida útil.

A nossa ideia para as cidades nos arredores do Observatório do Pico dos Dias é bastante semelhante: exigir que novos pontos de iluminação sejam racionais e ir adequando os antigos conforme tiverem que ser trocados. É importante notar que um eventual maior investimento em luminárias e lâmpadas mais modernas e menos poluentes é compensado pela economia em manutenção, consumo de energia elétrica e maior vida útil. 

Imagem recente de Calgary à noite a partir da Estação Espacial Internacional (ISS). obtida pelo astronauta canadense Chris Hadfield e  compartilhada em seu twitter,  


Outra visão das luzes de Calgary a partir do espaço (NASA Geophysical Data Center, http://www.blue-marble.de/nightlights/2012). Tudo isso é luz desperdiçada, que não está ajudando a população a se locomover com segurança, agride o meio ambiente e ainda impede a observação das estrelas...



Acesse as notícias originais (em inglês):

Veja também: RASC Calgary Centre, com informações sobre poluição luminosa e as ações de combate na região de Calgary.



quinta-feira, 4 de abril de 2013

Mais um observatório astronômico fechado devido à poluição Luminosa - Zijinshan Observatory

O Zijinshan, também conhecido como Purple Montain Observatory (Nanjing, China) foi o primeiro observatório e instituição de pesquisa astronômica construídos na China durante o século XX. A sua construção teve início em 1928 e as operações foram iniciadas em 1934.

No final de março, foi anunciado o encerramento das operações noturnas do observatório. A principal causa é a poluição luminosa, sendo que alguns pesquisadores relatam que não é mais possível sequer ver a Via Láctea no sítio do observatório (Observatory inactive due to light pollution). Segundo a reportagem, outros observatórios chineses estão seriamente ameaçados. Durante os anos de operação, vários asteroides e cometas foram descobertos no Zijinshan Observatory, que também mantém equipamentos e linhas de pesquisa em radioastronomia.

Purple Mountain Observatory, localizado em Nanjing (China), cujas operações noturnas foram encerradas devido à poluição luminosa. Imagem de Julius Rabl via Wikipedia


É muito triste ver mais uma infraestrutura de pesquisa astronômica vencida pela iluminação artificial irracional. Veja aqui a página do observatório (em inglês) e a notícia completa sobre o fim das operações devido à poluição luminosa.

Isso não precisa acontecer: a poluição luminosa pode ser evitada e até revertida. Além disso, áreas em torno de locais especiais como reservas naturais e observatórios astronômicos devem ser protegidas por legislações ou regulamentações que orientem os moradores em seus arredores no sentido de não produzir poluição luminosa. 


"Os locais privilegiados para a observação astronômica constituem um bem escasso no planeta e sua conservação representa um esforço mínimo em comparação com os benefícios que surgem do conhecimento e do desenvolvimento científico e tecnológico. A proteção da qualidade dos céus nestes locais tão singulares deverá constituir uma prioridade nas políticas de preservação do meio ambiente e científicas de caráter regional, nacional e internacional. Medidas e disposições extremas devem ser feitas de modo a permitir a proteção destes locais dos efeitos nocivos da poluição luminosa, radio-elétrica e atmosférica."





segunda-feira, 18 de março de 2013

Aproveite a Hora do Planeta para observar o céu!

A Hora do Planeta é um ato simbólico promovido anualmente pela organização não governamental WWF (World Wide Fund for Nature - Fundo Mundial para a Natureza, em tradução livre).

A ideia é apagar as luzes durante uma hora para demonstrar a preocupação de governos, empresas e cidadãos com o aquecimento global e, consequentemente, com o futuro do planeta. Neste ano, o evento será realizado no sábado, dia 23/03, a partir das 20:30 h. Participe! Visite a página oficial do evento no Brasil.

Mas, o que fazer durante a Hora do Planeta, enquanto as luzes estiverem apagadas? Uma sugestão é aproveitar para ver as estrelas! É uma oportunidade incrível de perceber o quanto a poluição luminosa, gerada pela iluminação artificial irracional, impede a observação do céu noturno. É importante que a sua cidade também esteja engajada no evento e apague as luzes dos edifícios públicos, monumentos e arredores.

Veja na imagem abaixo as simulações do céu feitas para a cidade de Itajubá, próxima ao Observatório do Pico dos Dias, para o dia 23/03, no início da Hora do Planeta. Na imagem à esquerda temos o céu com a poluição luminosa típica de uma cidade de médio porte. Já à direita, temos o céu que poderia ser observado caso não houvesse qualquer poluição luminosa. O arquivo em pdf com as simulações pode ser obtido aqui.


A imagem mostra simulações do céu da cidade de Itajubá (cerca de 90 mil habitantes, no Sul de Minas Gerais) com poluição luminosa (à esquerda) e caso não houvesse interferência da iluminação artificial (à direita). Os mapas foram feitos com o programa gratuito Stellarium e uma versão em pdf das simulações está disponível.

Em Itajubá, a Hora do Planeta faz parte do calendário oficial do Município desde 2012 e a concentração costuma ocorrer em frente à Câmara Municipal, no centro da cidade. É uma iniciativa importante e, como dissemos, pode ser utilizada para conscientizar as pessoas sobre a poluição luminosa, principalmente em uma cidade que tem a responsabilidade de estar próxima ao local onde está instalado o maior telescópio astronômico profissional em território brasileiro...


Não deixe de fazer parte desse movimento. Não custa nada, mas diz muito sobre a nossa consciência em relação aos danos ambientais provocados pela ação dos seres humanos no planeta. Sábado, dia 23/03 às 20:30 h, apague as luzes por uma hora e... aprecie as estrelas!


sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Monitoramento da qualidade do céu no Observatório do Pico dos Dias utilizando o SQM-L

Desde 2012, a qualidade do céu no OPD está sendo monitorada através de medidas do brilho de fundo do céu. Para tanto, utilizamos um equipamento chamado Sky Quality Meter (SQM-L), produzido pela empresa canadense Unihedron. As medidas são obtidas em unidades de magnitude por área (no caso, segundos de arco ao quadrado). A magnitude é uma medida de brilho cuja escala é invertida: quanto maior o valor, menos brilho, e vice-versa.

E quanto menor o brilho do fundo do céu, mais estrelas podem ser observadas. Do ponto de vista da astronomia profissional, isso significa que em locais escuros os cientistas podem investigar objetos celestes de brilho mais tênue. Se o brilho do céu é elevado por conta da poluição luminosa gerada pela iluminação artificial, de nada adianta investir em telescópios maiores, uma vez que não haverá impacto sobre a ciência que pode ser realizada naquele local. Ou seja, o descontrole no uso da luz artificial implica no subaproveitamento da infraestrutura para a astronomia observacional profissional, que é cara e cujo desenvolvimento sempre traz avanços do ponto de vista tecnológico.


SQM-L, aparelho para medida do brilho do céu, que permite quantificar os prejuízos causados pela poluição luminosa. Produzido pela Unihedron.


A figura abaixo mostra os dados coletados entre setembro e dezembro de 2012 no Observatório do Pico dos Dias. Até o momento, as medidas têm sido feitas na direção do zênite (ou seja, no ponto que corta a esfera celeste imediatamente acima da cabeça do observador). O brilho do céu médio durante o período foi estimado em 21.16 +/- 0.11 magnitudes por segundos de arco ao quadrado. Esse valor indica que o OPD ainda é um bom local para pesquisas astronômicas, apesar do crescimento acelerado das cidades ao seu redor. A escala de magnitudes é logarítimica e a diferença de uma unidade representa um fator de 100 no fluxo de energia. Assim, mesmo variações de décimos no brilho do céu são muito importantes.

Variação do brilho do céu no OPD durante as noites, estimada com o SQM-L entre setembro e dezembro de 2012. Os diferentes símbolos representam medidas feitas na proximidade de cada um dos três principais telescópios do OPD (B&C, PE e Zeiss). A flecha indica uma medida onde o fundo do céu estava muito mais claro, devido à presença da Lua. A escala de magnitude/arcsec^2 é invertida: quanto maior o número, mais escuro é o fundo do céu.


O brilho de fundo do céu também varia por questões naturais, como os ciclos de atividade solar e a presença da Lua (como indicado pela flecha na figura acima). Assim, é preciso manter um monitoramento contínuo para compreender as variações naturais do sítio e o impacto da iluminação artificial nos seus arredores e em diferentes escalas de tempo.

Portanto, desde 2012, podemos oferecer informações quantitativas sobre os impactos da poluição luminosa no Observatório do Pico do Dias. Esses dados devem ajudar as cidades nos seus arredores a controlar o desperdício de energia elétrica e a qualidade de sua iluminação. 

O objetivo principal deve ser manter a qualidade do céu no ponto em que está e, idealmente, melhorá-la através de ações que levem a um uso mais racional da luz artificial.  Experiências em outros sítios astronômicos mundo afora mostram que a recuperação da qualidade do céu em vários décimos de magnitude é possível. Junto com isso vem a melhora da qualidade de vida da população, seja através da economia financeira proveniente de sistemas sustentáveis de iluminação ou da minimização dos impactos da luz articial na saúde humana.

Os dados atualizados do monitoramento devem ser disponibilizados, sempre que possível,  por meio deste blog.




Observatório do Pico dos Dias durante a noite, onde é possível ver a poluição luminosa proveniente das cidades próximas, além da Via Láctea. E o rastro de um avião à direita... (Crédito: T. Dominici).


quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

A segunda etapa da campanha Globe at Night está em andamento!

Como explicamos neste post, a campanha internacional "Globe at Night" é um convite para que a população ajude a estimar a poluição luminosa no planeta. A segunda rodada de medidas em 2013 está em andamento desde o dia 31 de janeiro e vai até 9 de fevereiro.

O mapa abaixo mostra os dados fornecidos até o momento pelo Brasil. Veja  aqui como enviar a sua contribuição para ajudar a mapear o problema no nosso país. Nesta época do ano, basta contar quantas estrelas são visíveis na constelação de Órion quando observada da sua cidade.



Contribuição brasileira ao projeto "Globe at Night" até o momento na campanha de 2013. Veja aqui o mapa geral e interativo.


A constelação de Órion (à direita) e as Plêiades (à esquerda) observadas no Observatório do Pico dos Dias. As nuvens refletem a poluição luminosa de Itajubá, por isso o seu aspecto alaranjado.


Acompanhe o 'Globe at Night' também no Twitter: @GLOBEatNight, e use a hashtag #GaN2013. No caso de dúvidas, não deixe de nos consultar através dos comentários. Cada participação é muito importante para a conscientização acerca dos problemas relacionados à iluminação artificial irracional.



Cartaz oficial do projeto. A próxima etapa ocorrerá entre os dias 3 e 12 de março.



quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

França cria lei para diminuir o consumo de energia elétrica e a poluição luminosa

A partir do início de julho, todos os imóveis não residenciais da França deverão desligar as luzes do seu interior até uma hora depois da saída do último funcionário. As luzes externas serão desligadas até 1:00 h da manhã.


A lei preserva datas festivas, como o Natal, eventos e todos os serviços necessários para a segurança da população. Ou seja, determina o que deveria ser o lógico: a iluminação artificial só deve ser utilizada quando e durante o período de tempo em que for realmente necessária.


A expectativa é de economizar anualmente o equivalente ao consumo de energia elétrica de 750 mil residências.


A ministra do meio ambiente, Delphine Batho, afirmou que a legislação coloca a França como pioneira na prevenção  da poluição luminosa, que perturba os ecossistemas e o sono das pessoas.

Ainda não conhece os impactos da iluminação artificial irracional? Veja na nossa página sobre poluição luminosa.


Ah! As luzes de Paris... Mas, cadê as estrelas?! (Crédito: T. Dominici).


Acesse também as notícias originais do jornal britânico Telegraph: "Paris, the City of Light to be plugged into darkness?" e "France to have lights turned off".





Página de notícias sobre Poluição Luminosa (PL), mantida pela astrofísica Tânia Dominici.

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