sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Céus despoluídos sobre as grandes cidades?


O fotógrafo David Oliver Lennon decidiu juntar as suas magníficas imagens do céu despoluído da Tasmânia com aquelas feitas em cinco grande cidades: Londres, Nova Iorque, Los Angeles, Cingapura e Doha. O resultado é o vídeo abaixo, onde podemos vislumbrar o que seria o melhor dos mundos: todo o conforto possibilitado pelo uso da iluminação artificial, com a deslumbrante visão do céu noturno preservada.




Impossível não é! Porém é preciso que a iluminação artificial seja utilizada de modo racional, evitando gerar poluição luminosa. Isso inclui a escolha e instalação correta de luminárias e lâmpadas além de, claro, manter as luzes acessas exclusivamente durante o tempo em que elas são necessárias.

Visite a página oficial de David Oliver Lennon para conhecer mais sobre o seu trabalho e, em particular, suas astrofotografias!

sábado, 24 de outubro de 2015

Janelas para o Universo #SNCT2015


Este post faz parte da blogagem coletiva para a Semana Nacional de C&T 2015, organizada pelo Roberto Takata, do Gene Repórter.


Vivemos tempos privilegiados por termos acesso a imagens incríveis e fascinantes do Universo, obtidas através de diversos tipos de telescópios e instrumentos! 

Esta é a justificativa para a promoção do tema "Um Universo de imagens" durante este ano, em que destacamos a importância da luz para as nossas vidas. O Ano Internacional da Luz faz um convite para contemplarmos o Universo através destas imagens!

A astrofísica é uma área da ciência que demanda desenvolvimentos tecnológicos extremos e, obviamente, cada vez mais caros. Porém, ela recompensa os investimentos gerando conhecimento, proporcionando novas tecnologias para o nosso cotidiano e disponibilizando as já citadas inspiradoras visões do Cosmos - frequentemente o único contato do público em geral com esta ciência.

Isto porque a maioria da população mundial pouco ou nada vê quando olha para o céu de suas cidades e, assim, perdeu o contato cotidiano com as maravilhas celestes. E quanto menos as pessoas são capazes de experimentar a observação de um céu repleto de estrelas, mais elas não entendem o que estão perdendo...

Até o início do século XX, em todos os locais do planeta era possível ver a Via Láctea a olho nu em noites de céu aberto. Com a propagação da iluminação artificial, o cenário começou a mudar. Já se buscava construir observatórios astronômicos em locais altos e secos  desde as primeiras décadas daquele século mas, mesmo assim, alguns deles começaram a ser comprometidos por uma nova fonte de poluição: a luminosa, resultante do uso irracional da iluminação artificial. O Observatório de Monte Wilson, próximo a Los Angeles, foi um dos primeiros a ter seu trabalho afetado. Foi por observações obtidas lá que, por exemplo, Edwin Hubble descobriu que a nossa galáxia não é a única no Universo!

E aí cabe uma história interessante: na década de 1940, Walter Baade tirou proveito de blackouts, usuais durante a segunda grande guerra e que eliminavam a poluição luminosa em Monte Wilson, para descobrir a existência de diferentes populações estelares e estudá-las. Foi assim, sem a interferência das luzes artificiais, que ele pôde observar estrelas na galáxia de Andrômeda e descobrir uma região de baixa extinção por poeira interestelar na direção do centro da nossa galáxia, hoje conhecida como "Janela de Baade".

Além de comprometer o trabalho de observatórios já estabelecidos e privar as pessoas da contemplação de um céu estrelado, hoje sabemos que o uso ineficiente das luzes artificiais externas representa grande desperdício de energia elétrica. A poluição luminosa traz consequências negativas para a saúde humana, por exemplo, alterando a produção natural de melatonina, fator determinante para o desenvolvimento de alguns tipos de câncer, da obesidade, diabetes e depressão. No meio ambiente, a luz artificial irracional compromete a produção de alimentos e coloca em risco o ciclo natural de vida de várias espécies animais.

Mas, voltando à astronomia: a solução seria investir apenas em observatórios espaciais? Não seria. Além dos altos custos, riscos, limitações de tamanho, entre vários outros fatores operacionais e técnicos envolvidos em projetos de observatórios espaciais, nem todos os casos científicos poderiam ser totalmente estudados apenas através de dados obtidos por eles. É essencial termos observatórios para a janela visível do espectro eletromagnético em solo.

Atualmente, os maiores investimentos em novos telescópios têm sido feitos nos poucos locais do planeta que ainda oferecem condições de excelência, como o Norte do Chile, o topo do Mauna Kea (vulcão extinto localizado no Havaí, EUA), e as Ilhas Canárias (Espanha). A infraestrutura moderna de observação astronômica só é viabilizada devido à formação de consórcios internacionais: o Brasil, por exemplo, participa de consórcios que operam telescópios no norte do Chile (Gemini, SOAR e, esperamos que em breve, ESO) e em Mauna Kea (Gemini).


Observatório de Cerro Paranal (ESO), no norte do Chile, onde ficam os quatro telescópios ópticos mais avançados do planeta (créditos: ESO/H.H. Heyer). Clique na imagem para ampliar!


Mesmo estes locais privilegiados, que recebem investimentos que já alcançam a marca de bilhões de dólares, podem vir a ser comprometidos pelo aumento da poluição luminosa. Felizmente, todos eles possuem legislações e regulamentações buscando assegurar que a iluminação artificial das cidades nos seus arredores seja totalmente racional e pouco poluente.

Além disso, a UNESCO, através do International Council on Monuments and Sites (ICOMOS), e a União Astronômica Internacional (IAU/UAI) vem desenvolvendo estudos para aprofundar o conhecimento sobre as características e diferentes formas de patrimônio astronômico e desenvolver metodologias a fim de definir esta tipologia no contexto da Convenção do Patrimônio Mundial. Um dos temas emergentes foi a existência das "Janelas para o Universo", referindo-se justamente a estes locais de céus noturnos preservados e privilegiados que se tornaram essenciais para as pesquisas em astrofísica. Até o momento, foram feitos três estudos de caso: Cerro Tololo (Chile), La Palma (Espanha) e o Mauna Kea. Assim, a expectativa é que em breve estes locais possam vir a ser considerados Patrimônio da Humanidade. Mais do que um título, sua Convenção é um poderoso instrumento de preservação.


Enfim, a ideia do post, além de destacar a importância de preservar as "Janelas para o Universo", era incentivar o leitor a contemplar a beleza registrada através delas! Segue uma pequena seleção do "Universo em imagens":


À esquerda, duas galáxias em interação: NGC 2207 - a maior - e sua companheira IC 2163. À direita, galáxia espiral NGC 3190. Créditos: ESO. Clique na imagem para ampliar!


Esquerda: o aglomerado de estrelas conhecido como NGC 3293 (créditos: ESO/G. Beccari). À direita, detalhes da nebulosa de Órion (créditos: ESO/M.McCaughrean et al.). Clique na imagem para ampliar!


À esquerda, uma nebulosa planetária pouco conhecida, chamada de  ESO 378-1 (créditos: ESO). À direita, a galáxia distante H-ATLAS J142935.3-002836. A imagem é uma combinação de observações feitas pelos telescópios Hubble e Keck-II (Havaí); créditos: ESO/NASA/ESA/W. M. Keck Observatory. Clique na imagem para ampliar!


Não se limite às imagens postadas aqui! Algumas dicas de páginas com farto material para o seu deslumbramento:



Acompanhe a blogagem coletiva da SNCT2015, cujo tema é "Luz, Ciência e Vida", no Gene Repórter e por aqui mesmo.

Veja também a nota do MCTI sobre a ação: SNCT 2015 - Blogagem coletiva divulga tema “Luz, ciência e vida”.


terça-feira, 20 de outubro de 2015

Teve blogagem coletiva na Semana Nacional de C&T 2015!



A Semana Nacional de C&T (SNCT) deste ano ocorreu entre os dias 19 e 25/10. Foi a 12o edição do evento criado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI) com o objetivo de aproximar o público dos conhecimentos e novos desenvolvimentos da área. Este ano o tema foi "Luz, ciência e Vida", refletindo o fato de que 2015 foi declarado pela UNESCO o Ano Internacional da Luz (IYL2015, do inglês).

Por sua vez, Poluição luminosa é um dos principais temas do IYL2015, que destaca a luz no ambiente construído pelo homem e - através da iniciativa "Luz Cósmica" da IAU -, a preservação de céus escuros para a observação celeste. Ou seja, trabalhamos desde sempre com o tema da SNCT2015!



No começo do ano, o Roberto Takata, autor do Gene Repórter, cadastrou blogs interessados em participar de uma ação coletiva durante a SNCT2015, a pedido do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), que divulgou a iniciativa em alguns de seus canais de comunicação: SNCT 2015 - Blogagem coletiva divulga tema “Luz, ciência e vida”. Ao menos dez blogs divulgaram textos relacionados à luz durante a semana, viabilizando a blogagem coletiva.

Veja abaixo os links dos textos publicados nos blogs participantes:


Como podemos notar, vários textos falaram sobre a importância do ciclo circadiano e, de maneira direta ou indireta, de poluição luminosa.

Agradecimentos ao Roberto Takata por todo o trabalho de organização da blogagem coletiva!


Nas redes sociais, as atividades da semana foram indexadas principalmente com as hashtags #sintonizeciência e #SNCT2015.

Veja abaixo o vídeo oficial de divulgação da SNCT2015.




domingo, 27 de setembro de 2015

Os perigos da poluição luminosa - reportagem da DW


É muito raro encontrar boas matérias em português sobre poluição luminosa. O vídeo abaixo é uma importante exceção e foi produzido pela agência alemã Deutsche Welle (DW), para a sua programação voltada ao público brasileiro.

A reportagem, de Maurício Cancilieri e Ceci Leal, é bastante completa: explica o que é poluição luminosa, seus impactos, mostra soluções de iluminação e pesquisas para evitar aumentar o problema. E tudo isso em menos de cinco minutos! Não deixe de ver!





A reportagem foi feita para o o programa Futurando, transmitido em emissoras públicas brasileiras parceiras da DW. Todas as edições também podem ser assistidas diretamente da página da DW.

O Futurando também fez uma matéria interessante sobre novas tecnologias para evitar o ofuscamento por faróis de carro (sim, isto também é poluição luminosa...): Tecnologia "Matrix" revoluciona faróis de carros.




quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Evitando gerar Poluição Luminosa, parte 2: A instalação de luminárias e projetores


Esta é a segunda postagem de uma série que pretende oferecer informações práticas de como podemos evitar gerar poluição luminosa e até reverter a situação, recuperando um ambiente noturno mais saudável, menos nocivo ao meio ambiente e que ainda permita ver estrelas!

A primeira postagem foi sobre a escolha de luminárias. Mas, do que adianta ter o esquipamento correto se ele for mal instalado? Como já colocamos, a boa iluminação deve direcionar a luz apenas para o local que precisa dela. Note que, diferentemente das luminárias, o projetor em si pode produzir o melhor ou o pior efeito em relação à poluição luminosa: tudo depende do modo que ele for instalado.

Os projetores, destes muito utilizados para iluminar placas de lojas e outdoors, dependem crucialmente da instalação correta para evitar gerar poluição luminosa.


Nos esquemas abaixo, adaptados do material disponibilizado pelo IAC, podemos ver as orientações para correta instalação de projetores e luminárias. Para as luminárias, a instalação correta é aquela paralela ao solo. Luminárias tipo globo, jamais!

No caso dos projetores, a melhor situação é aquela onde a parede ou placa é iluminada de cima para baixo, e ainda é colocado um anteparo na parte superior. Além disso, é preciso atentar para o ângulo de orientação do feixe de luz. Resultados ótimos podem ser obtidos se o ângulo de orientação for menor que 10 graus.


Orientações para a instalação de projetores e luminárias. O objetivo, claro, é buscar garantir que a luz seja direcionada apenas para o chão e, no caso de projetores, para a parede ou placa que necessita ser iluminada. Adaptação da figura original disponibilizada pelo Instituto de Astrofísica de Canárias. Clique para ampliar.


Diferentes situações em relação ao ângulo de direcionamento de projetores. A situação ideal e que minimiza a poluição luminosa é direcionar a luz com ângulo menor de 10 graus. Adaptação da figura original disponibilizada pelo Instituto de Astrofísica de Canárias. Clique para ampliar.


O esquema abaixo mostra todas as origens para a poluição luminosa quando uma luminária ou projetor não são adequadamente instalados. Idealmente, a luz deve incidir apenas sobre a área a ser iluminada. Quando a luminária está mal orientada, cria uma zona de ofuscamento: quem estiver caminhando na direção da fonte de luz terá seus olhos ofuscados, ficando mais suscetível a acidentes ou crimes. Esta mesma luz, inadequadamente direcionada, invadirá moradias ou outros ambientes. tipo de poluição luminosa que chamamos de luz intrusa.


Esquema mostrando todos os tipos de poluição luminosa que podem ser gerados a partir de uma luminária mal instalada. Imagem adaptada do original publicado em artigo do Alternatives Journal e também compartilhada na página da IDA. Clique para ampliar.

A luz direcionada para cima, além de representar um gasto econômico sem sentido, impedirá a observação das estrelas. Se o céu estiver com nuvens carregadas, parte da luz será refletida de volta para baixo, criando aquele aspecto desagradável de uma capa alaranjada sobre a cidade.

Além disso, tem a luz que reflete no solo em direção ao céu. Para minimizar esta componente, o ideal seria que o chão fosse o mais escuro possível. Sabemos que esta é uma condição complexa, principalmente quando pensamos em caminhos para pedestres. Assim, é de se esperar que a componente refletida pelo chão não chegue a ser completamente anulada, mesmo nos melhores projetos de iluminação.

Frequentemente, justifica-se a inclinação excessiva das luminárias e o uso de refratores não planos pela impossibilidade de aumentar o número de postes. O fato é que sempre existirá alguma solução para racionalizar o sistema de iluminação sem negligenciar os riscos da iluminação excessiva. Veja abaixo alguns exemplos de luminárias e projetores mal instalados.


Exemplos de luminárias mal instaladas. Nas imagens à esquerda e central, as luminárias estão viradas para a frente e não para baixo! Assim, quem caminha é ofuscado e o chão quase não é iluminado. O poste da esquerda também é alto demais. A luminária nunca deve ficar acima da copa das árvores. Na imagem à esquerda, uma boa luminária torna-se poluente por estar inclinada.



Exemplos de projetores mal instalados. À esquerda, o projetor que deveria iluminar a parede o faz de cima para baixo, de modo que a maior parte da luz é direcionada para cima. À direita, o uso incompreensível de um projetor. A luz colocada desta maneira apenas cega por ofuscamento quem transita, desperdiça recursos ao direcionar luz para cima e nada colabora com a segurança.



 
Caminho para o Auditório Cláudio Santoro (Campos do Jordão, SP), durante uma edição recente do Festival de Inverno. Toda a iluminação da cena está equivocada: uma luminária que não está paralela ao solo, um cartaz iluminado por projetor de cima para baixo e projetores com celofane verde iluminando as árvores e comprometendo inutilmente o ambiente natural! Clique para ampliar.


No entanto, também não adianta selecionar cuidadosamente a luminária e instalá-la com correção se a lâmpada não for a correta para o tipo de aplicação! A escolha racional de lâmpadas deverá ser o assunto da próxima postagem desta série.

Não deixe de ler o primeiro texto da série: Evitando gerar poluição luminosa, parte I: A escolha das luminárias.


domingo, 13 de setembro de 2015

Evitando gerar Poluição Luminosa, parte I: A escolha das Luminárias


Ao contrário de outros tipos de poluição ambiental (das águas e a atmosférica, por exemplo), a poluição luminosa pode ser evitada e até mesmo revertida. Basta que as fontes de luz artificial sejam planejadas racionalmente. Mas, como assim?

A iluminação correta deve incidir única e exclusivamente sobre o local para onde ela foi planejada, com a lâmpada adequada para cada aplicação e apenas durante o tempo em que a luz for realmente necessária. Visando oferecer informações mais práticas de como podemos ajudar a combater a PL, inicio hoje uma série de postagens sobre o assunto. Vamos começar pela escolha das luminárias, incluindo os projetores usualmente utilizados para iluminar placas e afins.

Uma ilustração clássica de diferentes situações de iluminação, originalmente produzida pela Canadian Space Agency, é mostrada abaixo. Podemos ver o céu que seria observado para cada caso. A situação indicada como "Muito ruim" representa aquelas luminárias tipo globo, comuns nas praças brasileiras. Como podemos ver, a luz emitida é ofuscante, e não apenas é difícil observar a pessoa que circula como a visão do céu é totalmente contaminada. Um terço da luz emitida por este tipo de luminária é direcionada para o céu! Na situação ótima, a luz é direcionada unicamente para baixo, iluminando aqueles que caminham nas ruas durante a noite e ainda permitindo a observação das estrelas.


Simulação do céu e conforto de circulação para diferentes tipos de iluminação. Imagem adaptada daquela originalmente produzida pela CSA.


Ou seja, a ideia é escolher sempre luminárias do tipo totalmente limitada (full cut-off) e abandonar aquelas que não oferecem nenhum anteparo para direcionar a luz para baixo (non cut-off). Essa escolha implicaria em maior custo financeiro? Não necessariamente. Algumas luminárias modernas podem até custar mais caro em um primeiro momento. Porém o investimento é compensado pela economia na manutenção e em energia elétrica (luz bem direcionada significa poder escolher lâmpadas de menor potência para uma dada aplicação).

Seguem alguns exemplos de luminárias incorretas e corretas.


Exemplos de péssimas luminárias, que não são capazes de iluminar apenas o local onde as pessoas transitam. Veja o primeiro caso: a luz vai para as laterais e na direção do céu e nada ilumina o caminho! Faz sentido gastar dinheiro e recursos naturais com pontos de iluminação deste tipo? 


Exemplos de boas luminárias, com refratores planos que, caso sejam instaladas corretamente e paralelas ao solo, iluminam apenas a área de circulação, sem causar ofuscamento.


A International Dark Sky Association oferece uma certificação para luminárias "amigas do céu escuro" (dark sky friendly). Enquanto não temos algo assim no Brasil, as luminárias recomendadas no mercado norte americano podem servir como referência. A imagem abaixo, adaptada de material produzido pela IDA, ilustra tipos inaceitáveis e aceitáveis para luminárias e projetores.


Ilustração mostrando exemplos de equipamentos de iluminação inaceitáveis e aceitáveis, do ponto de vista da geração de poluição luminosa. Imagem adaptada a partir do original da International Dark Sky Association (IDA).


No entanto, não adianta escolher as melhores luminárias se elas não forem instaladas corretamente. Este será, espero eu, o próximo tema da série "Evitando gerar Poluição Luminosa".

Para complementar o assunto, o vídeo abaixo mostra uma maneira simpática de simular os efeitos dos diferentes tipos de luminárias utilizando basicamente uma lanterna e aquelas estrelinhas que brilham no escuro. O vídeo, chamado "Vamos acender as estrelas!" está em italiano, mas é totalmente compreensível (e ainda dá para colocar legendas, se necessário).





Animações produzidas pelo Instituto de Astrofísica de Canárias.

domingo, 30 de agosto de 2015

O melhor gif animado de todos os tempos...


A ideia é essa: apague as luzes e acenda as estrelas!


Criação original de Vuk Đurić (Sérvia). Imagem obtida de http://tmblr.co/ZVwC3v1pQBosQ.



Agradecimentos à Vera por compartilhar a imagem!

quinta-feira, 30 de julho de 2015

Cidade norte americana apaga suas luzes para apreciar o céu


Telluride é uma pequena cidade do Colorado (EUA), com menos de 3 mil habitantes e forte vocação turística. No inverno, a cidade é um local privilegiado para esquiar na neve; no verão, os turistas podem aproveitar as temperaturas mais amenas para praticar esportes como o rafting e realizar escaladas nas suas belas montanhas.

Além disso, Telluride é conhecida por ser a sede do MontainFilm Festival: importante festival de cinema voltado à prática de esportes radicais.

Imagine fotografar o céu noturno desta paisagem... Telluride, no Colorado (EUA). Imagem do site Visit Telluride.

Durante a edição de 2014, o super fotógrafo Ben Canales participou do evento e se impressionou com o local: "Fiquei chocado com a rapidez com que a visão das estrelas tornava-se ainda mais surpreendente conforme eu me afastava da cidade", disse. Surgiu então a ideia de sugerir que a cidade apagasse suas luzes por uma noite. Deste modo seria possível produzir imagens mais dramáticas, contemplar o céu noturno e começar a falar sobre poluição luminosa com os moradores e turistas.

Assim, ele convenceu a administração da cidade a apagar as luzes públicas durante a edição 2015 do Festival, criando o evento "Lights Out Telluride". Por sua vez, os organizadores do Festival se responsabilizaram por convencer os particulares a participarem da iniciativa. Às 3:00 h da manhã da noite combinada, estima-se que entre 50% e 70% das luzes da cidade foram apagadas.

Alguns resultados são mostrados no vídeo abaixo, onde podemos ver os procedimentos para apagar as luzes públicas e o evento de observação do céu, que atraiu cerca de oitenta pessoas. Não deixe de assistir! O evento continuará a ser promovido nos próximos anos e espera-se que a participação popular aumente.





Telluride e a visão da Via Láctea, por Ben Canales (The Star Trail).

Sobre o evento, Ben Canales comentou: "Acho que é uma nova consciência ambiental que não vinha sendo uma questão cultural até recentemente. Em duas gerações nós perdemos totalmente o contato com a noite estrelada, simplesmente porque todos nós vivemos em cidades. No entanto, as fotos lembram que as estrelas ainda estão lá fora. Tentamos desta vez. Agora vamos fazer algo ainda maior."

Não é uma ideia maravilhosa? Engajar a administração pública e convidar as pessoas a apagarem as suas luzes e saírem de casa para ver as estrelas! Também podemos aproveitar eventos como a Hora do Planeta para tentar reconectar a população com a beleza e os mistérios do Universo.

Fonte da notícia: Telluride Colorado Turns Off Lights For Mountainfilm Dark Sky Event, Resource Travel.

Não deixe de explorar o trabalho incrível de Ben Canales em sua página The Star Trail

O MontainFilm Festival promove também uma turnê mundial. No Brasil, as exibições dos melhores filmes selecionados em Telluride e de produções locais ocorrerão em agosto no Parque Villa-Lobos (São Paulo) e, em setembro, na Lagoa Rodrigo de Freitas (Rio de Janeiro).

terça-feira, 2 de junho de 2015

Uma ferramenta online para simular a geração de poluição luminosa


O projeto europeu "Inspiring Science Education" (ISE), com sede em Luxemburgo, se propõe a oferecer recursos digitais e oportunidades para professores tornarem o aprendizado de ciências mais atrativo e relevante para os seus alunos. Recentemente, o ISE disponibilizou uma ferramenta online para a simulação de cenários de iluminação artificial externa, com o objetivo de possibilitar a avaliação da geração de poluição luminosa e a adequação de cada configuração em relação à segurança para a circulação de pessoas.

A página oferece textos explicativos sobre poluição luminosa e instruções detalhadas para utilizar o simulador (em inglês, mas o Google Tradutor pode ajudar). De qualquer modo, vamos fazer uma rápida introdução ao uso da ferramenta e discutir alguns dos seus resultados.

A página possui uma série de abas que podem ser abertas pelo usuário. As duas primeiras são de apresentação, e a simulação propriamente dita é configurada em "Set the experiment options" (Configure as opções do experimento). São então oferecidos quatro parâmetros: 
  • A quantidade de postes de luz (light poles), variando entre três e nove;
  • A altura dos postes - quatro ou sete metros;
  • O tipo de lâmpada - vapor de sódio de alta pressão (HSP) ou LED;
  • A potência das lâmpadas - 50 ou 80 W;
  • O tipo de luminária - globo (globe, non cut-off), tipo semi-limitada (semi cut-off shield type), tipo totalmente limitada (full cut-off shield type).

Painel para configurar os parâmetros da simulação, na aba "Set the experiment options"). O usuário pode escolher o número de postes e sua altura, o tipo de lâmpada, a potência e o tipo de luminária. Em seguida, basta abrir a aba "Run the experiment" e clicar em "Start the experiment".
 
Em seguida, é necessário abrir a aba "Run the experiment" (Execute o experimento) e clicar em "Start the experiment" (Comece o experimento). Em alguns segundos, uma tela surgirá ao lado da configuração com uma animação mostrando os resultados da simulação.

O ambiente a ser iluminado é o estacionamento de um supermercado, na frente do qual existem casas e, nos arredores, prédios. A animação permite que "circulemos" pela área, de modo observar a qualidade da iluminação gerada através dos parâmetros escolhidos pelo usuário. Alguns exemplos são mostrados a seguir.

O primeiro é a simulação da pior situação possível: nove luminárias tipo globo, em postes de 7 metros de altura e com as lâmpadas de maior potência (80 W). O resultado, ilustrado pela figura abaixo, é uma iluminação ofuscante, onde 30% da luz é emitida na direção do céu.

Captura de tela da simulação considerando a pior situação possível: nove postes com sete metros de altura, luminárias tipo globo com lâmpadas de 80 W, de vapor de sódio de alta pressão

Uma escolha mais racional para uma grande cidade, distante de áreas de proteção ambiental, é a representada pela captura de tela abaixo: nove postes de 4 metros de altura, lâmpadas de vapor de sódio de alta pressão de 50 W em luminárias com corte total. Nestas condições, a estimativa é que 4.25% da luz emitida estaria sendo na direção do céu. Cenário consideravelmente melhor do que no caso dos globos, embora o ideal seja reduzir esta componente a zero...


Captura de tela mostrando a simulação com escolhas racionais: nove postes de 4 metros de altura, luminárias totalmente limitadas (full cut-off).

Um problema é o fato de que não é reproduzido o rendimento de cor de cada lâmpada. O vapor de sódio produz uma luz alaranjada, o que significa que ele emite em um intervalo mais restrito de energia, privilegiando os comprimentos de onda onde o olho humano é mais eficiente. O LED possui uma luz extremamente branca, com alto rendimento de cor (desnecessário para a nossa circulação noturna) e especialmente nociva para o meio ambiente. Nas simulações, as lâmpadas emitem sempre luz branca, embora o brilho do céu (resultado da luz indevidamente direcionada para cima) seja sempre alaranjado.

Tendo em vista esta limitação da ferramenta, nas imagens abaixo podemos ver como seria a iluminação na frente de uma residências, com os dois conjuntos de parâmetros já descritos.


Captura de tela mostrando a iluminação na frente de uma casa. Em cima, a luminária tipo globo com lâmpada de 80 W e, abaixo, a luminária totalmente limitada e lâmpadas de 50 W. Note o halo de luz em torno do globo, denunciando o desperdício e a geração de poluição luminosa. No segundo caso a luz é focalizada para o chão, criando um ambiente mais agradável e seguro para a circulação, além de menos poluente.

Um outro problema da ferramenta é a poluição luminosa chamada de "luz intrusa", que é aquela iluminação planejada para um ambiente e que invade outro. É o caso da iluminação interna do supermercado, das casas e dos prédios, que dificulta a análise da qualidade dos diferentes conjuntos de parâmetros para a iluminação externa.


A ferramenta também permite simular o impacto na observação do céu e, em particular, na direção da constelação de Ursa Maior, facilmente visível no Hemisfério Norte. Basta ir na aba "Run the experiment" e clicar em "Ursa Maior". Serão oferecidas duas opções: "Ursa Maior - no light pollution" (Ursa Maior - sem poluição luminosa) e "Ursa Maior - current light pollution" (situação atual de poluição luminosa, considerando os parâmetros de entrada para a simulação).


Simulação da observação do céu na direção da constelação de Ursa Maior, sem poluição luminosa.

Simulação da observação do céu na direção da constelação de Ursa Maior com os parâmetros do primeiro cenário, utilizando luminárias tipo globo. Note o tom alaranjado, típico de luminárias de vapor de sódio em luminárias ruins ou incorretamente instaladas.

Simulação da observação do céu na direção da constelação de Ursa Maior com os parâmetros da segunda simulação, escolhidos de modo mais racional.

É um recurso didático interessante, desde que sejam levados em conta as suas limitações em reproduzir o rendimento de cor das lâmpadas e a impossibilidade de ligar/desligar a luz intrusa. Quer experimentar? As simulações podem ser feitas no endereço deste link.

A indicação desta ferramenta foi feita pelo projeto Globe at Night, através de seu boletim mensal.

quarta-feira, 20 de maio de 2015

Palestra sobre Poluição Luminosa na 13o Semana de Museus!




 Para quem estiver no Rio, nesta quinta, dia 21/05 às 10h, ministrarei a palestra "Você sabe o que é Poluição Luminosa?".  Estão todos convidados! O evento é aberto e, pretensamente, o conteúdo atende ao público em geral...

A palestra será no Museu de Astronomia e Ciências Afins (MAST) e faz parte da programação da 13o Semana de Museus, promovida pelo Instituto Brasileiro de Museus, o Ibram. A semana tem como tema "Museus para uma sociedade sustentável". Assim, é mais do que adequado falar de iluminação artificial racional, principalmente em um museu que promove um programa público de observações do céu.

Além da Semana de Museus, é importante lembrar que 2015 é o Ano Internacional da Luz e a discussão sobre Poluição Luminosa é um dos temas de destaque da iniciativa "Luz Cósmica", promovida pela União Astronômica Internacional (IAU/UAI).

O MAST fica na Rua General Bruce, 586, Bairro Imperial de São Cristóvão. Telefone para contato: (21) 3514-5200.

A 13o Semana de Museus está ocorrendo desde o dia 18 e vai até 24/05, com cerca de 4500 atividades programadas para este período. Veja aqui a programação completa em todo o país.



quarta-feira, 15 de abril de 2015

Estamos na Semana Internacional dos Céus Escuros 2015!


Entre os dias 13 e 19 de abril estamos celebrando a Semana Internacional dos Céus Escuros 2015 (International Dark Sky Week). O evento de conscientização é promovido pela IDA, principal organização não governamental de combate à poluição luminosa.

Vamos então aproveitar para aprender um pouco mais sobre o assunto e, principalmente, sobre o que cada um de nós pode fazer. Os três vídeos abaixo foram produzidos pelo projeto "What you can do" e a ideia central é que se você tem apenas um minuto, você pode mudar o mundo.  É uma premiada série de vídeos onde são apresentadas soluções e mudanças de comportamento que podem fazer a diferença para a sociedade e o planeta - em um minuto.

No caso da poluição luminosa, o projeto produziu os três vídeos abaixo: Proteger o céu noturno, Ajudar a proteger pássaros e Ajudar a proteger a vida selvagem. Os vídeos estão em inglês, mas lembre-se que no You Tube é possível colocar legendas traduzidas.

Não perca mais nem um minuto e aproveite as informações dos vídeos!








Além disso, durante esta semana a IDA sugere a leitura de um texto por dia para nos aprofundarmos nas questões ligadas à poluição luminosa:

A árvore e as Plêiades, também conhecidas como Subaru ou as Sete Irmãs. Foto: Tânia Dominici.

Os vídeos do "What you can do" estão entre as referências de multimídia da página da IDA.

sexta-feira, 27 de março de 2015

Boa notícia: a poluição luminosa no Reino Unido parece estar diminuindo!


Uma pesquisa divulgada recentemente indica que a poluição luminosa no Reino Unido está diminuindo! Uma queda de 28% foi observada desde 1992, sendo que o brilho do céu foi calculado com base em dados obtidos por dois satélites, o Operational Linescan System (OLS) e o Visible Infrared Imaging Radiometer Suite (VIIRS), já citado em uma postagem anterior.

Segundo o trabalho, a poluição luminosa teve seu máximo em 1993 e a previsão é que, entre 2015 e 2025, ela deve cair mais 21%. A imagem abaixo mostra a redução observada até 2014, ao longo do território do Reino Unido.

Estimativa da redução da poluição luminosa, entre 1992 e 2014, ao longo do território do Reino Unido. Créditos da imagem: City A.M..

O mais surpreendente é que a pesquisa foi promovida pela Hillarys, uma empresa britânica de cortinas, persianas e afins.  Fora de propósito? Não! Existe um tipo de poluição luminosa chamada de "luz intrusa". É quando a luz pensada para um ambiente invade o outro. É o caso da iluminação da rua e da vizinhança que invade seu quarto durante a noite, comprometendo sua saúde, e a luz da sua sala que inadequadamente invade o ambiente externo enquanto você lê, conversa ou assiste televisão. Para minimizar o impacto deste tipo de poluição é fundamental utilizar cortinas e persianas adequadas. A Hillarys está agregando um importante valor social ao seus produtos ao divulgar em sua página da internet artigos explicando o que é a poluição luminosa e dando dicas para evitá-la.


A pesquisa sobre a incidência e variação da poluição luminosa no Reino Unido está sendo divulgada em uma página própria: SKYGLOW - Light Pollution & the UK’s Changing Skies (Brilho do céu - Poluição Luminosa & os céus em mudança no Reino Unido). Nela é possível interagir com um mapa e verificar o brilho do céu ao longo da região, medidos com o OLS e o VIIRS entre 1992 e 2014, e as simulações de como a situação deve evoluir até 2015. Veja exemplos nas imagens abaixo.
 

Comparação entre a quantidade de poluição luminosa no Reino Unido em diferentes épocas. De cima para baixo: dados de 1992, 2012 e simulação da situação em 2025. Captura de tela da ferramenta interativa disponível na página de divulgação da pesquisa. As áreas em vermelho indicam as maiores concentrações de iluminação inadequada.

Enquanto a poluição luminosa parece ter diminuído 28% entre 1992 e 2012, a população da região cresceu em 10%. O que pode estar acontecendo então? Uma das hipóteses é que a iluminação esteja sendo melhorada através do uso de luminárias e lâmpadas mais adequadas, que minimizam o espalhamento da luz para fora da área em que ela é necessária. Outro fator importante é que, com a migração das pessoas para as grandes cidades, a poluição luminosa aumentaria nestes locais mas lá ficaria concentrada, diminuindo a quantidade de luz em áreas mais remotas. 

Não podemos desprezar novos fatores, como a popularização das lâmpadas LED. Apesar de muito econômicas e com feixe de luz fácil de ser orientado, elas ainda são muito brancas e emitem em frequências desnecessárias para o deslocamento humano durante a noite. Assim, o mal uso da nova tecnologia, já discutido aqui, pode frustrar as previsões otimistas do trabalho liderado pela Hillarys.

Aos que duvidam da integridade das informações, o trabalho foi realizado com o suporte de vários especialistas, inclusive da International Dark Sky Association (IDA), principal organização de estudo e combate à poluição luminosa.

Neste momento estou justamente precisando comprar cortinas e persianas para o meu novo apartamento. Como consumidora, se pudesse escolher, definitivamente contrataria os serviços da Hillarys. A consciência social da empresa faz toda a diferença. Infelizmente, eles ainda não trabalham no Brasil...


 
Veja mais:
 

Página de notícias sobre Poluição Luminosa (PL), mantida pela astrofísica Tânia Dominici.

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