quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

NASA observa do espaço as luzes das festas de fim de ano

Nos últimos dois anos e meio, cientistas do Goddard Space Flight Center (NASA) e da Universidade de Yale (EUA), têm usado imagens de alta sensibilidade e resolução obtidas pela câmera VIIRS, a bordo do satélite Suomi-NPP, com o objetivo de observar os padrões de iluminação de 1200 cidades mundo afora. Ou seja, para observar a incidência de poluição luminosa ao longo do tempo.

A partir destes dados, os cientistas verificaram o aumento de iluminação relacionado às festas de final de ano e, no Oriente Médio, ao mês do Ramadã. Miguel Román, físico do Goddard envolvido na pesquisa, lembra que as mudanças de comportamento durante as épocas festivas refletem alterações na demanda por fornecimento de energia e que entender as mudanças sazonais do uso da iluminação artificial colabora para monitorar as emissões de dióxido de carbono localmente.

As imagens abaixo, disponibilizadas pelo NASA Earth's Observatory, ilustram o impacto da decoração de Natal em algumas cidades dos EUA através de uma escala de cores. As áreas verdes sofreram aumento de iluminação, aquelas em amarelo mantiveram o mesmo nível e, em vermelho, estariam os locais onde a iluminação diminuiu. Os subúrbios, onde as casas americanas possuem grandes quintais, registram maior aumento de poluição luminosa durante essa época. Áreas em vermelho são quase inexistentes... Nos subúrbios, o aumento de iluminação registrado é entre 30 a 50%, enquanto que, nos grandes centros urbanos, o aumento é de 20 a 30%. 



Alteração na iluminação e, portanto, na poluição luminosa gerada por algumas cidades dos EUA com as festas de fim de ano (créditos: NASA Earth's Observatory). A iluminação tende a aumentar nos subúrbios, onde as casas possuem grandes quintais, cuja decoração natalina é uma tradição que, segundo a monitoria, independe da situação econômica do país.

No caso do Oriente Médio, a mudança de iluminação durante o Ramadã ilustra mais claramente as peculiaridades culturais, religiosas, econômicas e políticas da região. Na imagem abaixo, que segue a mesma escala de cores das anteriores, verifica-se que o Cairo (Egito) apresenta grandes áreas com aumento de luzes. Segundo a pesquisa, nas áreas mais pobres da cidade, esse aumento é menor. Já em Tel Aviv (Israel), não se encontram as mudanças sazonais e o nível de iluminação artificial permanece o mesmo. 

Alteração da iluminação em alguns locais do Oriente Médio durante o Ramadã. (créditos: NASA Earth's Observatory).

Nas cidades da Síria observa-se diminuição da iluminação, provavelmente refletindo a agitação política e militar na região. No Iraque e na Líbia, diminuições abruptas do nível de iluminação podem indicar a geração instável de energia elétrica.

Os pesquisadores esperam correlacionar os padrões sazonais de iluminação com as medições de taxas de emissão de carbono e utilizá-los para estimar o consumo de energia no futuro. É claro que podemos ser mais críticos em relação ao uso da luz artificial e alterar positivamente o comportamento que tem sido observado, principalmente durante as festas de fim de ano segundo o calendário cristão. Será que o prazer momentâneo de observar as luzinhas coloridas de Natal vale os impactos ambientais do aumento de geração de energia elétrica, emissão de dióxido de carbono e de poluição luminosa? Será que apenas as luzes artificiais em abundância podem fazer com que a decoração de fim de ano fique encantadora? Não poderiam as luzes das nossas festas serem aquelas provenientes das estrelas, que seriam observadas se a iluminação artificial fosse utilizada com racionalidade?


No vídeo abaixo, Miguel Román explica mais sobre o projeto.




Fonte:


Fica a minha sugestão de iluminação decorativa para as festas:


Imagem da Via Láctea obtida no sul de Minas Gerais, Brasil. Crédito: Tânia Dominici.

domingo, 9 de novembro de 2014

Sobre a fotografia noturna em locais com alta poluição luminosa

Quem mora em áreas urbanas já está acostumado a olhar para o céu noturno e enxergar poucas estrelas devido à poluição luminosa, agravada pela poluição atmosférica. Com o tempo, até perdemos a sensibilidade para a questão. Uma maneira interessante de comprovar dramaticamente o quanto estamos afetando a natureza com o excesso de luz artificial é através da fotografia noturna.

Abaixo, temos uma imagem do tipo que chamamos de startrails: é a combinação de uma sequência de fotos obtidas com a câmera fixa. Quando combinadas, através de programas específicos, podemos ver o movimento relativo das estrelas ao redor dos polos celestes. Esse movimento é, de fato, causado pela rotação da Terra. Para chegar ao resultado, cerca de 90 imagens obtidas em um céu relativamente bem preservado foram combinadas. Cada uma delas foi feita com 4 segundos de integração e ISO 3200 (F3.5), utilizando uma câmera Canon Rebel T3i. O tripé é imprescindível...


Imagem obtida em 2013,no Observatório do Pico dos Dias (sul de Minas), mostrando o polo sul celeste. Combinação de cerca de 90 imagens, cada uma com 4 segundos de integração; ISO 3200; f3.5; Canon Rebel T3i. Crédito: Tânia Dominici.

Já na próxima imagem, algo semelhante foi tentado, mas nos céus muito poluídos do Rio de Janeiro. Foram combinadas cerca de 80 imagens, cada uma com 11 segundos de integração (!) e ISO 3200 (f/22), com o mesmo equipamento utilizado na produção da imagem acima. A diferença na quantidade de estrelas é gritante. Além disso, na imagem abaixo ainda é possível notar a reflexão interna na câmera devido à iluminação super irracional de um museu ao lado da locação.

Imagem de 2014, obtida na zona norte do Rio de Janeiro. Foram combinadas cerca de 80 fotos, com 11 segundos de integração cada; ISO 3200; f/22; Cano Rebel T3i. Note, à direita do centro da imagem, a reflexão interna na câmera provocada pela iluminação extremamente irracional de um museu vizinho. Crédito da imagem: Tânia Dominici.
Imagens de startrails como as mostradas acima podem ser criadas com o programa gratuito de mesmo nome, criado e disponibilizado pelo astrofotógrafo alemão Achim Schaller. Tem até versão em português!

Por sua vez, o fotógrafo Justin Ng elaborou um tutorial para demonstrar que é possível produzir imagens da Via Láctea mesmo em cidades muito contaminadas, como Cingapura, onde ele vive. Para tanto, é necessário basicamente uma câmara DSLR (com tripé), como a utilizada nas imagens mostradas acima, e o programa Photoshop. A sequência de fotos abaixo ilustra o processo. A primeira mostra a imagem original, obtida com o máximo de integração possível para que as estrelas não apareçam corridas (devido ao movimento da Terra). É indiscutível o comprometimento pela poluição luminosa. No Photoshop, o fotógrafo faz manipulações, como aplicar uma normalização e o ajuste de brilho. Na imagem resultante (no centro), já podemos ver a Via Láctea. Após uma sequência de outras edições, Justin Ng chega ao resultado final (terceira imagem): uma estonteante visão do centro da nossa Galáxia que parece ter sido obtida em um local distante das grandes concentrações urbanas. Não, o olho humano não consegue ver este espetáculo daquele local, mas poderia chegar próximo se houvesse controle da poluição luminosa...





Sequência de imagens feitas por Justin Ng ilustrando o seu método para fotografar a Via Láctea em locais muito poluídos como Cingapura. No topo: foto original, obtida integrando o máximo possível sem que as estrelas fiquem corridas (conhecida como regra dos 500). No centro: imagem normalizada pelo Photoshop e com ajuste de brilho, onde já é possível ver a Via Láctea. Abaixo: resultado final, após manipulações diversas no Photoshop. Não deixe de visitar a página do fotógrafo.

Veja o tutorial completo na página de Justin Ng (uma versão simplificada em português foi disponibilizada pelo portal de fotografia digital Convexa).

Porém, mesmo sem o conhecimento técnico e a habilidade de pessoas como Justin Ng, com uma máquina DSLR e um tripé é possível obter imagens interessantes de alguns objetos celestes nas grandes cidades. A Lua é, obviamente, o alvo principal, mas também é interessante utilizar o zoom óptico da máquina (e a eventual ajuda de uma luneta simples) para registrar o movimento das luas galileanas em torno de Júpiter. Mesmo em locais muito iluminados, a passagem da Estação Espacial Internacional (ISS) pode resultar em imagens muito interessantes! Para se programar, descubra quando ela passará sobre a sua cidade na página Heavens Above.


A Lua é facilmente fotografada mesmo com câmeras simples. O essencial é colocar o equipamento em um tripé a aprender a utilizar as configurações manuais da sua câmera... Crédito: Tânia Dominici.

Júpiter e as quatro luas galileanas observados apenas com a máquina fotográfica, sem o auxílio de telescópio. O movimento dos satélites em torno do planeta, ao longo das horas e dos dias, pode ser registrado mesmo nas grandes cidades. Crédito: Tânia Dominici.


Passagem da Estação Espacial Internacional (ISS) registrada em uma cidade de médio porte. Crédito: Tânia Dominici.

No entanto, você quer mesmo perder a oportunidade de contemplar um céu despoluído e fotografar a Via Láctea com toda a sua beleza sem maiores truques de edição? O vídeo abaixo, produzido por Ian Norman e Diana Southern em locações nos EUA é, definitivamente, inspirador para uma aventura de turismo ecológico e científico em áreas com céus preservados. Os autores do vídeo também oferecem um curso online gratuito de astrofotografia. Aproveite!




É claro que, apesar de existirem maneiras de obter imagens razoáveis do céu mesmo com a poluição luminosa, ou então viajar para os poucos locais do planeta ainda preservados, o melhor mesmo é nos conscientizarmos do problema e cobrarmos a instalação de luminárias e lâmpadas racionais, que direcionem a luz unicamente para o local que deve ser iluminado e exclusivamente pelo período de tempo que for necessário. Deste modo, ganharemos em qualidade de vida, em sustentabilidade e na possibilidade de voltar a contemplar as estrelas, mesmo vivendo nas maiores metrópoles...

Nunca é demais lembrar: a luta contra a poluição luminosa não se baseia em eliminar ou reduzir drasticamente a iluminação externa, mas em racionalizá-la para criar ambientes noturnos mais sustentáveis e seguros para a população, sem desperdício de recursos, naturais ou financeiros, e minimizando o comprometimento para a vida de plantas e animais.

Update em 15/12/2014: Ian Norman também produziu o vídeo incorporado abaixo explicando a técnica ETTR (Expose to the Right) para fotografar a Via Láctea mesmo em lugares com muita poluição luminosa. No final, Ian relembra que nada substitui a experiência de fotografar o céu noturno em locais despoluídos...



domingo, 19 de outubro de 2014

Os perigos da descoberta agraciada com o prêmio Nobel de Física 2014

No dia 7 de outubro deste ano aconteceu o anúncio dos ganhadores do prêmio Nobel de Física 2014. Os Drs. Isamu Akasaki (Meijo University, Japão), Hiroshi Amano (Nagoya University, Japão) e Shuji Nakamura (UC - Santa Barbara, EUA) foram premiados pelo desenvolvimento do LED azul. Isso permitiu, através da combinação com os LEDs vermelhos e verdes já existentes, a produção de luz branca com baixo consumo de energia elétrica.

A tecnologia LED (Light-Emitting Diode ou diodo emissor de luz), aperfeiçoada através das pequisas dos laureados pelo Nobel, é utilizada em vários equipamentos presentes no nosso cotidiano, como nos monitores de smartphones, tablets, computadores e televisores.

Um dos maiores potenciais do LED é realmente na iluminação. A economia de energia para a iluminação pública, quando comparada com aquela baseada em lâmpadas de vapor de sódio de alta pressão, pode ser maior do que 60% (veja o caso de Los Angeles, EUA, por exemplo). 

As lâmpadas de LED possuem uma vida útil cinco vezes maior dos que as lâmpadas fluorescentes que usamos atualmente nos ambientes domésticos e três vezes mais em relação às lâmpadas utilizadas na iluminação pública (principalmente vapor de sódio de alta pressão). Nas LEDs, 100% da energia é convertida em luz, enquanto nas fluorescentes, apenas 80%. O restante é desperdiçado gerando calor. Como comparação, nas ultrapassadas lâmpadas incandescentes apenas 4% da energia elétrica consumida gera luz e 96% é desperdiçada na forma de calor.

Em relação à poluição luminosa, uma vantagem do LED é o fato de que este tipo de lâmpada é intrinsecamente direcionada.Ou seja, ela ilumina apenas o local para onde está apontada e pode ser mais eficientemente controlada. O acendimento também é instantâneo, ao contrário das lâmpadas usuais que demoram vários minutos até alcançarem sua luminosidade total.

No entanto, o problema em relação à geração da poluição luminosa não é apenas o direcionamento e a quantidade de luz, mas sim os comprimentos de onda do qual ela é composta. E é justamente o fato da luz do LED ser tão branca que faz com que o uso indiscriminado dessa nova tecnologia seja um grande risco ambiental e para a saúde humana, que ainda nem sabemos como estimar.

A luz branca é muito mais atrativa para insetos, por exemplo. Em um artigo publicado este ano, S. Pawson e M. Bader (Scion, Nova Zelândia) demonstraram através de um experimento de campo que o LED atrai 48% mais insetos do que as lâmpadas de sódio de alta pressão, atualmente utilizada na maioria da cidades e responsável pelo tom alaranjado que observamos no céu das densas áreas urbanas durante a noite. Ou seja, com a iluminação LED existe maior risco de comprometer cadeias alimentares que garantem a sobrevivência de diferentes espécies e a disseminação de sementes de plantas diversas.

Outro risco que vem sendo associado à popularização dos LEDs é o aumento indiscriminado dos pontos de iluminação e de sua luminosidade. Conforme o preço das lâmpadas (que ainda é muito alto) começar a diminuir e, levando em consideração o baixo consumo de energia, deve surgir uma tendência a instalar mais pontos do que o necessário. 

Desde o início da disponibilização da luz elétrica, principalmente a partir da segunda metade do século XIX, estamos continuamente prolongando as nossas horas de trabalho e lazer e desejando para isso que a iluminação reproduza o ambiente diurno. Acontece que o corpo humano, assim como muitas outras espécies animais e vegetais, necessita do chamado ciclo claro-escuro (ou circadiano). É importante lembrar que a melatonina, por exemplo, é produzida pelo corpo humano durante o sono e a presença de luz diminui a eficiência do processo. A falta deste hormônio pode desencadear vários problemas para a saúde humana. E como ficam as espécies de animais de hábitos noturnos neste cenário onde nunca  é realmente noite? Estes são apenas alguns exemplos do impacto negativo da luz branca. 

O fato de que os LEDs produzem um feixe de luz direcionado pode fazer com que os fabricantes de luminárias coloquem LEDs inclinados nas extremidades das mesmas, buscando aumentar a área do solo iluminada. Isso faz com que o pedestre seja ofuscado pela forte luz branca ao se aproximar da luminária, podendo causar cegueira momentânea. A recuperação da visão é particularmente mais lenta para pessoas da terceira idade.

Este parece ser o caso da iluminação da Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro. O excesso de luminosidade incomoda e o alto rendimento de cor, proporcionado pelo fato da luz ser branca, é desnecessário para as atividades noturnas da população e muito prejudicial para o meio ambiente, como já discutimos. Ao olhar para as luminárias, a visão é fortemente ofuscada, fazendo com que as pessoas fiquem mais vulneráveis aos acidentes e à criminalidade, por exemplo.


Iluminação LED da Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro. Desnecessariamente branca, forte e ofuscante. Imagem obtida na página da Prefeitura do Rio de Janeiro.

Existem algumas soluções para aproveitar a significante economia gerada pelas lâmpadas LED minimizando os problemas aqui apresentados. A principal delas é utilizar filtros que permitam a passagem apenas da luz útil para a iluminação urbana: aquela que pode ser captada pelos olhos humanos e com rendimento de cor suficiente para que as pessoas circulem com segurança. Isso é o que tem sido feito, por exemplo, em Hilo, no Havaí (EUA), próximo ao Mauna Kea - vulcão com 4200 metros de altitude onde se localizam os principais observatórios astronômicos do Hemisfério Norte. As luminárias baseadas em lâmpadas de vapor de sódio de baixa pressão (muito alaranjadas) estão sendo substituídas por LEDs com filtros que resultam em uma luz de tom esverdeado, aparentemente pouco prejudicial para as pesquisas astronômicas.

Em Flagstaff, no Arizona (EUA), cidade próxima a relevantes locais de observação astronômica e muito valorizada por seus céus escuros, as luminárias baseadas em LED estão sendo modificadas para oferecer um tom alaranjado, semelhante ao que é produzido pelas lâmpadas de sódio de baixa pressão.


Em Hilo, as lâmpadas de vapor de sódio de baixa pressão, de coloração alaranjada (à esquerda) estão sendo substituídas por luminárias LED especialmente modificadas, resultando em uma coloração esverdeada (à direita). Imagem e informação do portal bigislandnow.com.

Em Flagstaff (EUA), a iluminação pública está sendo substituíra por luminárias LED com filtros cuja luz resultante é semelhante à produzida pelas lâmpadas de vapor de sódio de baixa pressão. Imagem e informação do portal azcentral.

O prêmio Nobel concedido aos pesquisadores "pela invenção de LEDs azuis eficientes que possibilitaram criar fontes de luz brancas e energeticamente econômicas" (Nobelprize.org, em livre tradução) é mais do que merecido. No entanto, o uso abusivo da tecnologia oriunda destas pesquisas pode vir a prejudicar de maneira irrecuperável várias formas de vida no planeta. E a observação do céu noturno, claro...


Para saber mais:


domingo, 28 de setembro de 2014

O estranho flagelo da poluição luminosa

O SciShow é um canal do YouTube mantido por jovens americanos que se propõe a apresentar tópicos científicos de maneira profunda, porém em poucos minutos.

O problema da poluição luminosa foi tema recente do canal, em um vídeo intitulado "The strange scourge of light pollution", ou "O estranho flagelo da poluição luminosa", em livre tradução. Em apenas dez minutos, Hank Green - o apresentador -, expõe de maneira clara a questão e as implicações ambientais, econômicas e sobre a saúde humana desse tipo de poluição. Vale muito assistir!

Logo no início, Hank Green lembra que em 1994, após um terremoto que causou a queda do sistema de energia elétrica em Los Angeles (EUA), a população em pânico começou a ligar para os telefones de emergência, relatando a aparição de uma imensa "nuvem prateada" no céu. Era a Via Láctea, que a maioria nunca tinha visto devido à iluminação artificial irracional!

O vídeo pode ser visto abaixo. A narração é em inglês, mas é possível selecionar as legendas em português (um singelo tutorial é oferecido ao final do post*).




O SciShow foi criado em 2012 e oferece vídeos com dezenas de outros temas científicos no seu canal. Você pode ajudar a manter o projeto através da página https://subbable.com/scishowO SciShow também pode ser acompanhado através do Facebook ou do Twitter.

A história de Los Angeles lembra a tira mostrada abaixo, retirada da lendária página "Calamities of Nature". A tradução para o português foi feita com a autorização do author, Tony Piro. 

Clique para aumentar!

A tira original pode ser encontrada aqui. De fato, quem nunca viu o céu noturno em um local despoluído não sabe o que está perdendo...


*Para colocar as legendas em vídeos do YouTube, clique no seguinte ícone da tela:
Em seguida, clique em "On" para acionar as legendas: 
Selecione a opção de tradução: 
E, finalmente, escolha o Português: 

domingo, 20 de abril de 2014

A vida sem céus escuros: você não sabe o que está perdendo

Entre os dias 20 e 26 de abril de 2014 acontece a Semana Internacional dos Céus Escuros (International Dark Sky Week), uma iniciativa da IDA, principal organização não-governamental trabalhando no combate à poluição luminosa.

Para colaborar com o evento, o fotografo Mark Gee, de Wellington (Nova Zelândia), produziu um vídeo com imagens mostrando a diferença entre ambientes com poluição luminosa e céus escuros.

No texto de apresentação do vídeo, Gee coloca (em livre tradução a partir do original em inglês): "Durante meu tempo como astrofotógrafo, tenho falado com muitas pessoas mundo afora, interessadas por minhas fotografias e vídeos. Fiquei realmente chocado quando algumas delas me disseram que nunca viram a Via Láctea com seus próprios olhos. Eu fiz algumas pesquisas sobre o assunto e descobri que mais de um quinto da população mundial, dois terços da norte americana e metade dos europeus [vivem em locais em que] já perderam totalmente a visibilidade da Via Láctea a olho nu! Isso é uma vergonha, e os efeitos da poluição luminosa podem ser muito mais sérios do que não sermos capazes de enxergar estrelas à noite". 

Veja abaixo o belo trabalho de Mark Gee para esta semana de conscientização acerca dos problemas causados pela poluição luminosa. A narração é em inglês, porém as imagens são, por si só, bastante ilustrativas do contraste entre a luz artificial e o céu estrelado que o artista desejou apresentar.








E você? Já viu a Via Láctea com seus próprios olhos? Se não, não sabe o que está perdendo...


Outros trabalhos do fotógrafo podem ser vistos em sua página na internet, não por acaso intitulada "The art of Night".




Update: o post foi atualizado para conter os links para todos os textos disponibilizados pela IDA durante a semana.
sexta-feira, 28 de março de 2014

Dia 29/03 às 20:30 h começa a Hora do Planeta 2014: use o seu poder!

Assim como fizemos no ano passado, incentivamos que todos participem da Hora do Planeta 2014. O evento, promovido pela WWF, será neste sábado, dia 29 de março, com início às 20:30 h.

A ideia é apagar as luzes por uma hora para demonstrarmos a nossa preocupação com o futuro do planeta. Neste sentido, a poluição luminosa é um grave problema ambiental, social e econômico, e a Hora do Planeta também nos dá a oportunidade de aproveitar aqueles minutos de privação da luz artificial para nos reconectarmos com o céu noturno.

Então aproveite e aprecie o céu! Para quem quer ter uma ideia do que seria o céu do Rio de Janeiro ou outras grandes cidades se todas as luzes fossem apagadas, basta relembrar o trabalho do fotógrafo Thierry Cohen, que fez justamente este exercício de imaginação, juntando fotos de metrópoles com imagens do céu obtidas em regiões escuras de mesma latitude. O resultado pode ser visto abaixo. Quem não gostaria de ter esta visão?


Imagens do Rio de Janeiro caso todas as luzes fossem apagadas. Créditos: Thierry Cohen.


Se alguém quiser aproveitar a Hora do Planeta para identificar as estrelas e planetas, as cartas abaixo mostram o céu noturno no Rio de Janeiro, em 29/03, às 20:30h. A primeira é uma simulação das condições usuais, com as luzes da cidade pouco racionais, direcionando parte da luz para o alto. Na carta de baixo, simulamos o céu noturno até o limite visual médio do ser humano. Ou seja, seria o que veríamos caso todas as luzes artificiais fossem apagadas ou próximo do que seria possível caso a iluminação fosse totalmente racional, cuidando para iluminar apenas o que é preciso, estritamente durante o tempo necessário.



A carta de cima simula o céu do Rio de Janeiro no início da Hora do Planeta 2014 (29 de março, às 20:30 h), com as condições usuais de poluição luminosa. Já na carta de baixo, podemos ter uma ideia de tudo o que os nossos olhos seriam capazes de captar caso as luzes fossem apagadas, e próximo do que poderia ser rotineiro se a iluminação artificial fosse racional, buscanco impactar minimamente no meio ambiente e na nossa saúde. Simulações feitas com o programa gratuito Stellarium.


Não deixe de ver a divertida série de vídeos, intitulada "O homem do Farol", produzidas pelo WWF Brasil para divulgar a Hora do Planeta 2014:



 Desligue as luzes e use o seu poder!


E, por fim é sempre interessante lembrar que estamos na terceira parte da campanha Globe at Night de 2014. Por que não contar as estrelas da constelação de Órion durante e depois da Hora do Planeta, colaborando para estimar o impacto da iluminação artificial no nosso planeta?


 
Vem para a rua! Conte estrelas e ajude a construir um planeta mais sustentável. A poluição luminosa é reversível e todos podemos colaborar!



segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Está começando a campanha Globe at Night 2014!

O projeto de ciência cidadã Globe at Night conta com a sua colaboração para ajudar a estimar e monitorar o impacto da poluição luminosa no planeta.  

Os detalhes do projeto foram explicados neste postA ideia é observar uma constelação específica de fácil identificação, como Órion ou o Cruzeiro do Sul, e contar quantas estrelas são visíveis do local onde o observador (você mesmo!) mora ou por onde estiver passando. Depois é só relatar as observações pelo aplicativo na página do projeto, que este ano pode ser encontrado também em português. Assim, forma-se uma grande base de dados para diversas pesquisas e trabalhos de conscientização pública sobre os riscos da iluminação artificial irracional.

A campanha de 2014 começa na segunda, dia 20 de janeiro, com muitas novidades. Além de uma nova página na internet, agora as observações podem ser feitas durante o ano inteiro. Veja na imagem abaixo as datas das campanhas.



Datas das campanhas de observação para o projeto Globe at Night 2014 e mapa com os dados enviados durante 2013. Os brasileiros precisam contribuir mais! O arquivo em pdf pode ser encontrado aqui.

É muito fácil participar! Para cada constelação selecionada para o projeto e visível no Hemisfério Sul (ou seja, no Brasil) existe um guia de atividades em português, graças à colaboração de voluntários que traduzem o material original para diversas línguas. Seguem os respectivos links:

* Órion (constelação sugerida para as observações entre 20 e 29 de janeiro, 19 a 28 de fevereiro e 21 a 30 de março);
* Cruzeiro do Sul (observações entre 25 e 29 de março, 20 a 29 de abril e 19 a 28 de maio);
* Escorpião (observações entre 17 e 26 de junho e 16 e 25 de julho);
Sagitário (para as campanhas entre 15 a 24 de agosto, 15 a 24 de setembro e 14 a 23 de outubro);
* Baleia (entre 11 e 21 de novembro e 11 e 20 de dezembro).


Localizar Órion para participar da primeira parte da campanha é simples: essa é a constelação que contém as estrelas popularmente conhecidas como as 'Três Marias'. Está visível logo ao anoitecer, como mostra a simulação abaixo, feita com o programa gratuito Stellarium.


Logo ao anoitecer, olhando para a direção Leste, é possível observar a constelação de Órion, cujo cinturão é formado pelas estrelas conhecidas como as 'Três Marias'. Aproveite a oportunidade para observar Júpiter, convenientemente próximo ao primeiro alvo da campanha Globe at Night 2014 no Hemisfério Sul. Simulação feita com o programa gratuito Stellarium.



O dados obtidos através dos aplicativos 'Dark Sky Meter' e 'Loss of the Night', para iOS e Android, respectivamente, também são incluídos na base de dados do Globe at Night.


Outros posts já publicados no blog sobre o projeto podem ser consultados neste link.

O Globe at Night pode ser acompanhado através da sua página na internet, twitter ou no facebook.


Página de notícias sobre Poluição Luminosa (PL), mantida pela astrofísica Tânia Dominici.

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